quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Objeto de amor


Aflição de ser eu e não ser outra.
Aflição de não ser, amor, aquela
Que muitas filhas te deu, casou donzela
E à noite se prepara e se adivinha

Objeto de amor, atenta e bela.
Aflição de não ser a grande ilha
Que te retém e não te desespera.
(A noite como fera se avizinha.)

Aflição de ser água em meio à terra
E ter a face conturbada e móvel.
E a um só tempo múltipla e imóvel

Não saber se se ausenta ou se te espera.
Aflição de te amar, se te comove.
E sendo água, amor, querer ser terra.

Hilda Hilst - Sonetos que não são - I

1 Desejosos(as) comentaram:

Simplesmente_EU disse...

Olá,

Que aflição ler, de querer e nao te encontrar. . .


Continuo a ler . . .

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